Ângulo de Visão Correto
Srila Bhakti Siddhanti Saraswati Thakur
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Pergunta: Não consigo compreender este mundo.
Resposta: É vida em campo. Este mundo não é nossa morada original. Destina-se a certos objetivos. Depois disso, devemos prosseguir para nosso lar original. Este mundo não é um lugar desejável. Não é bom se ficar atraído a ficar aqui por longo tempo, esquecendo de nossa morada original, onde ficamos com o Supremo. Somos os servos eternos do Supremo.
Quando decidimos nos assenhorear do universo, recebemos estas facilidades com objetivos temporários. Elas não servem a nossos objetivos eternos. Seria melhor que buscássemos um lugar onde pudéssemos encontrar a paz verdadeira. Aqui, estamos sempre sujeitos a sofrer perturbações.
Por meio dessas perturbações, a Providência deseja nos ensinar que o mundo não é nosso habitat eterno, mas que toda paz verdadeira deve ser encontrada nEle. Sendo assim perturbados, naturalmente gostaremos de retornar à região original.
A vida neste mundo deveria ser conduzida de modo pacífico, em vez de ser no espírito de retaliação. Deveríamos aprender a sofrer todas essas coisas submetendo-nos a Seus Desejos Divinos. Se fizermos isso, poderemos obter essa mesma paz aqui. É devido à nossa ambição de dominar que somos trazidos para cá. As condições aqui são tais que interligam cada posição.
Se exigimos mais do que o que nos é permitido, temos problemas. Deveríamos, melhor, retornar à nossa própria posição, a nosso único amigo. Ele é o único Abrigo para todas nossas necessidades e desejos. Mas, se pegamos a carga da responsabilidade sobre nós mesmos para correr rumo ao erro, acabamos tendo problemas na forma de nossas transações diárias. Não deveríamos cair em tal tentação.
As ofertas do cultivador da estética destinam-se a nos iludir, quando nos levam a pensar que este mundo é um local confortável. Toda melhoria real deveria levar ao Supremo. Deveria nos oferecer todas as coisas úteis por meio das quais nos livrarmos dessas tentações.
Desde que somos humanos, deveríamos emprestar nossos ouvidos para conhecer a melhor situação do mundo transcendental onde são exibidos os melhores aspectos da Realidade. Aqui, sofremos com as dificuldades de nossa visão eclipsada. É portanto melhor procurar pela região onde estão em voga todos os tipos da Natureza manifesta.
Os servos do Supremo sempre cuidarão de nosso interesse. Aqui, nossos amigos algumas vezes gostam de nós e outras vezes viram-se contra nós. Mas existe aqui a oportunidade de ouvir a respeito de nosso lar original dos lábios de pessoas muito familiarizadas com ele. Se negligenciarmos essa oportunidade, com o tempo nos arrependeremos. Suas palavras nos elevarão e mudarão a nossa mentalidade.
Todo tipo de perguntas complexas serão resolvidas, se ouvirmos essas pessoas que têm muito pouco a ver com este mundo. Nossa situação neste mundo está sujeita a mudanças, como nevoeiros e fogs. Por sermos pessoas inteligentes, ao invés de sermos inexplicavelmente desconfiados, nossa natureza prudente deveria nos permitir ouvir de vez em quando a respeito do mundo transcedental e da natureza manifesta. Uma atitude incrédula não nos concederá essa oportunidade.Este corpo externo será trocado como também nossa situação atual. Mas possuímos uma estrutura transcendental. Tão logo aprendamos que a estrutura transcendental está funcionando emnós, este dispositivo mortal deixará de nos perturbar.
As pessoas no Ocidente pensam que a mente é a alma. Diferimos deles. Existe uma vasta literatura na Índia dando suporte ao ponto de vista de que a alma é a proprietária da mente. A mente é a procuradora da alma para lidar com o mundo externo em cinco tipos de relacionamentos diferentes, como esposo e esposa, mestre e servo, pais e filhos, como amigos e de modo neutro. A alma está agora totalmente absorta por uma agência extrangeira. O corpo é diferente da roupa que o cobre. A alma está revestida pelos corpos materiais grosseiro e sutil. Esses corpos destinam-se a ser usados pela alma por um certo período.
Quando a atividade verdadeira torna-se latente, a mente apenas atua com o ímpeto dos sentidos, cobrindo a alma com as substâncias moleculares materiais. Mas a alma é a entidade verdadeira. Os sentidos são os objetos operantes, alguns para uso externo e outros para uso interno.
O denso exerce uma atração sobre as pessoas comuns. Destina-se a tais pessoas. Até mesmo os assim-chamados filósofos são vistos subscrevendo o slogan de que o corpo material grosseiro deveria ter preferência em todos os assuntos religiosos deste mundo (sariram adhyam kalu dharma sadhanam). Eles estão muito envolvidos com as coisas materiais grosseiras e sutis, ignorando a própria saúde da alma. As coisas materiais mudarão. Esta mudança algumas vezes nos concede facilidades e, outras vezes, cria obstáculos a nosso progresso. Mas a alma não muda e não pode ser destruída, ainda que seja suscetível de ser coberta pela forma sutil ou abstrata da densidade material na forma de nossa mentalidade passageira que é um presente de Maya. Ela nos deu os sentidos para medirmos as coisas prazeirosas para intensificar nossa posição egoísta. As pessoas religiosas pensam que não precisam satisfazer os sentidos destinados apenas a iludir. Como por exemplo, estaremos iludidos se pensarmos que o ar da atmosfera existe para nosso desfrute ou para nos conceder prazeres temporários. Essa mesma oportunidade irá embora para nos fazer saber que não se destina a nosso bem.
Estamos sujeitos a perturbações promovidas por esses agentes obstrutores. Sua quantidade nos mostrará que são mais numerosos que as coisas que podem nos dar bem-aventurança –a única coisa que deveriamos procurar. O pleno centro do êxtase encontra-se no Supremo. Toda sensação agradável deste mundo, se avaliada apropriadamente, mostrará que serve apenas a objetivos temporários, com o fim de obter nossos frutos mais adiante.
Esse é o plano do treinamento. Neste plano, estamos sujeitos a supor que tudo existe para nos servir. Mas a verdade é que existimos para servir ao Supremo dentro das cinco diferentes capacidades. Somente quando julgamos apropriado descer a este mundo para assenhorear-nos de outras entidades finitas para nosso desfrute é que acabamos esquecendo, até certo ponto, nossa posição verdadeira. Esta contingência surge quando queremos negar nosso Senhor. Por nosso próprio desejo, essa tendência, que era inata em nós, levou-nos a preferir esta região temporal.
Estas confusões emaranhadoras serão lentamente removidas quando as verdadeiras sugestões chegarem até nós ao encontrarmos pessoas conscientes de nosso interesse.Pessoas otimistas tendem a evitar tais pensamentos aparentemente pessimistas. Preferem meter-se nos problemas. Mas deveríamos obter o único refúgio no Absoluto.
A recepção auditiva é o único caminho que deveríamos seguir. Devemos estar preparados para ouvir como viver uma vida pacífica e aspirar pela bem-aventurança eterna do Absoluto, e quem pode concedê-la. A menos que nos submetamos a Ele, não há possibilidade de alcançar a região eterna. De outro modo, estaríamos multiplicando especulações que apenas serão obstáculos.
Ao invés de pretender ser um agente predominador, deveríamos nos situar como agentes predominados a fim de servir ao Supremo, a fonte de todas as coisas manifestas; e todas as atividades deveriam tender a Ele, sem esperar qualquer retorno comercial. Somos como Filisteus avessos ao pensamento teológico. Existimos para fazer dinheiro, ganhar fama e desfrutar de prazeres. Esta é a propensão natural por aqui. Toda esta propaganda relativista deve-se à aversão ao serviço ao Absoluto. Portanto, deveríamos emprestar nossa audição às descrições sobre a Transcendência a fim de nos tornarmos capazes de compreender como obter o verdadeiro fruto da alma em vez de sermos desorientados pela mente. A mente é como a procuradora da alma. Ela está sempre em busca da expansão de seu próprio interesse às custas do principal se pensar em passar seus dias de modo indolente, quando será naturalmente iludida pela mente. A alma adormecida precisa ser desperta. O melhor uso de nossa inteligência, prudência e desejabilidade deveria nos fazer progredir rumo à vida eterna. Os prazeres temporários com certeza nos trarão problemas a longo prazo.
Pergunta: Qual é a diferença entre shanti e ananda (paz e bem-aventuança)?
Resposta: Os impersonalistas pensam que Deus deveria oferecer um rasa neutro. Budha pensou que, ao final, existe a cessação da percepção. Shankaracharya argumentou que o Supremo não deveria ter forma alguma, que não deveria haver qualquer questão sexológica em relação a Ele, que todos deveriam retornar ao Absoluto, que não deveria haver diferença entre a alma individual e o Supremo, sendo que as três situações de observado, observador e observação se mesclariam em um Brahman pleno de júbilo e, ao mesmo tempo, desprovido de júbilo, inexistindo nele qualquer distinção entre ambos. A terceira escola é a escola devocional. Segundo essa escola, tudo o que se encontra aqui, como árvores, rios, montanhas etc., está presente no mundo transcendental. Aqui, encontramos apenas entidades separadas e, às vezes, estão desprovidas das centelhas de Realidade.
Pergunta: Por que o estudo da Filosofia não me traz paz agora?
Resposta: Porque escolhemos aderir à situação miserável e não prestarmos atenção ao Supremo.
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(Reprodução da conversa com o Major Rana N. J. Bahadur em Armadale, Darjeeling em 14 de junho de 1935. Originalmente publicada na revista The Harmonist (Vol. XXXI, No.21) de 27
de junho de 1935.)
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